No final de 1992, o diretor de redação de Quatro Rodas, Carlos Costa, me chamou à sua sala e disse: "Bob, você vai à Inglaterra para duas matérias que temos pautadas, andar num Ford Fiesta com motor experimental dois-tempos e ir à Lotus tentar descobrir o estão fazendo no motor 4100 do Opala para colocá-lo no Omega". E assim lá fomos, eu e o então fotógrafo Sílvio Porto, à terra da Rainha com essas missões. Eu era editor técnico da revista.
A ida à Ford havia sido acertada com a filial daqui, que era regida, junto com a Volkswagen brasileira, pela holding Autolatina. Assim, fomos convenientemente recebidos no Centro de Pesquisa de Motores e Combustíveis da Ford inglesa, em Essex. Pela minha vivência com o DKW-Vemag e seu motor de três cilindros a dois tempos, eu tinha imensa curiosidade de ver, andar, sentir, como seria um novo motor dessa configuração e cilindrada ligeiramente superior – 1.197 cm³, contra 981 cm³ do DKW – dotado de novo sistema de formação de mistura engendrado pelo australiano Ralph Sarich, que vinha se destacando no mundo automobilístico com a promessa de motores dois-tempos limpos, de baixas emissões.
Os dados do motor do Fiesta eram muito interessantes: 81,5 cv a 5.500 rpm e 12,7 m·kgf a 4.400 rpm, aspiração atmosférica. Isso dava 68 cv/L de potência específica, um grande salto sobre os 44,6 cv/L do DKW, que desenvolvia 44 cv a 4.500 rpm. A diferença de torque era ainda mais expressiva, no DKW era de apenas 8,5 m·kgf. Em termos de torque específico, saltava de 8,66 para 10,6 m·kgf/L.
O Fiesta dois-tempos era alvo de muita curiosidade |
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