O mistério do Uno que bebia demais |
Mais que um lugar cheio de graxa, ferramentas e carros desmontados, toda oficina é fonte de curiosidades, técnicas ou nem tanto. Conto dois “causos” para ilustrar. Para começar, uma historinha simples. Uma senhora chegou furiosa na oficina de Renato Gaeta em Tatuí (SP): “Fui enganada, comprei esse Uno, pois me disseram que era econômico e essa porcaria não faz nem 10 km/l com gasolina na estrada” (ou consome 10 l/100 km, como o Bob gosta. Neste patamar o numeral é o mesmo).” “Além disso, o motor faz um barulhão”, complementou a freguesa.
O Uno, ou Mille, seminovo com uns dois anos de uso, parecia muito bom, com baixa quilometragem e Renato se surpreendia com a motorista. “A senhora viaja com muita carga, pé embaixo, algo assim? Este carro deveria fazer pelo menos 15 km/l” “Nada disso, rodo sozinha, tranqüila... no máximo a 100 km/h ”. O Fiatzinho 1,0 ficou na oficina e Renato deu uma geral: checou correia dentada e ponto do motor, trocou velas, filtros, verificou catalisador (p'ra ver se não estava entupido), calibrou pneus, viu que a embreagem não patinava...
Não havia nada errado, mas a manutenção de rotina ajudou. O motorzinho ficou mais redondo. Entregou o carro para a moça que queria mais economia. Alguns dias, ela voltou: “Melhorou um pouco, mas continua bebendo mais que carrão de bacana na estrada. Tem algo errado que você não encontrou”. Renato continuava intrigado: “Mas a senhora viaja tranqüila, 100 km/h em quinta marcha e numa estrada boa?” “Como quinta? Este carro só tem quatro marchas”, responde a “pilota’ (uma homenagem a agressão gramatical de nossa “presidenta”). Olha a bola de câmbio”. Realmente, o dono anterior trocou a manopla e lá estava o “H” com apenas quatro marchas.
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