Tuesday, 3 September 2013

BREADVAN: O FERRARI REBELDE


Foto:supercars.net

Rebel rebel, you’ve torn your dress
Rebel rebel, your face is a mess
Rebel rebel, how could they know? 

Hot tramp, I love you so!
(David Bowie)

(Rebelde, rebelde, você rasgou seu vestido
Rebelde, rebelde, seu rosto é uma bagunça
Rebelde, rebelde, como eles poderiam saber?
Vagabunda gostosa, eu te amo tanto!)

Era um dia ensolarado no verão de 1964. As montanhas da Riviera francesa brilhavam pacificamente, banhadas por um sol magnífico. Mas o silêncio tranqüilo daquelas montanhas então pouco povoadas era quebrado naquela manhã pelo inconfundível som de um motor de competição. Já de longe podia se reconhecer o som como um Ferrari de 12 cilindros, aquela inconfundível seda rasgando, aquele magnífico "rumore dei dodici cilindri" de que os modeneses falam com tanto orgulho. E não qualquer Ferrari de doze cilindros, um Colombo, o pequeno três litros que praticamente sozinho, com sua força, suavidade e seu inconfundível e divino som, fez a fama da Ferrari. E não qualquer V-12 Colombo, mas uma versão de competição, o volume e o tom visceral do berro não deixando qualquer dúvida a respeito disso.

Mas o carro que trazia consigo esse divino caos e desordem era diferente dos belíssimos e reluzentes Ferrari de passeio com os quais aquelas estradas estavam acostumadas. O carro que devorava aquelas estradinhas deliciosas, banhado pelo sol do sul da França, era tudo menos reluzente. O som e a cor vermelha denunciavam que só podia ter vindo de Maranello, mas o vermelho era quase fosco, sua carroceria cheia de cicatrizes e marcas de batalha. Por fora, nada, nenhum logotipo ou letreiro dizia a marca do carro, e apenas uma bandeira estampada seus pára-lamas dianteiros, com os dizeres "Scuderia Serenissima - Repubblica di Venezia" dava alguma pista de sua origem. E aquela carroceria definitivamente não se parecia com qualquer coisa que tinha saído de Maranello até então, e se pensarmos bem, mesmo desde então.


Foto:supercars.net

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