Tuesday, 13 August 2013

CONVERSA DA PISTA

Pirelli vê sinal amarelo na F-1

Sem contrato garantido, o fabricante de pneus trabalha sem saber se continua na F-1 em 2014.

No México, cresce o interesse pela edição da Carrera Panamericana deste ano.




Horizonte da Pirelli na F-1 está aberto (foto Pirelli Media Gallery)


Silêncio da FIA cria situação bizarra, diz Hembery, da Pirelli


Paul Hembery é otimista, mas... (foto Pirelli Media Gallery)

A situação é tão simples quanto preocupante: a Pirelli segue costurando e fechando acordos com equipes e promotores mesmo sem ter garantias que continuará como fornecedor de pneus para F-1. A palavra que melhor descreve esse quadro é "bizarro" e foi exatamente essa a referência usada por Paul Hembery, o homem forte dos borracheiros italianos para a categoria, para comentar o assunto.

Segundo ele, quem está emperrando o andar da carruagem é a Federação Internacional do Automóvel (FIA), sem mencionar um detalhe tão sutil quanto importante: na primeira semana de dezembro realiz-se a eleição para um novo mandato de quatro anos. Sem citar nomes, ficou claro que a demora tem a ver com a possibilidade do atual presidente Jean Todt enfrentar uma chapa de oposição liderada por David Ward, atual líder da Fundação FIA e – tchatcham-tchaam-tchaaam – aliado de Max Mosley, presidente derrotado por Todt nas eleições de 2009.

David Ward admite lançar chapa de oposição (foto FIA Foundation)

Longe de praticar as regras básicas e rudimentares da teoria da conspiração, a vingança pode estar mais perto do que parece e a Pirelli pode se ver envolta em uma luta de egos, algo longe do inédito na F-1.


Jean Todt, atual presidente da FIA (foto FIA.COM)

Todt não é o tipo de parceiro que agrada a Bernie Ecclestone: os dois fazem o gênero “get things done” e a principal diferença entre eles é que o francês faz o gênero mandão e o inglês é direto sem ser indelicado, algo que digo por ter convivido e trabalhado com ambos, em particular o último. Além disso, Ecclestone é muito mais próximo de Max Mosley, cuja ligação com o automobilismo atualmente é o cargo de presidente mundial da NCAP, entidade que pesquisa e trabalha pela segurança dos automóveis.

Quem vota na presidência da FIA são os líderes das entidades por ela reconhecidas, lista que inclui três representantes brasileiros: Confederação Brasileira de Automobilismo, Car Club do Brasil e Associação Automobilística do Brasil, entidades comandadas, respectivamente, por Cleyton Pinteiro, Joaquim Cardoso de Mello e Tamas Rohony.  Caso Ward realmente saia com uma chapa de oposição, o fiel da balança brasileira seria Mello: Pinteiro votará seguramente em Todt por questões que transcendem o automobilismo e tocam na origem dos antepassados de ambos e Rohony certamente votará em Ward por suas ligações com Ecclestone e, conseqüentemente, Mosley.

E a Pirelli com isso? A F-1 é a principal fonte de receita da FIA e, ironicamente, a que tem maior autonomia frente naquela que Chicão – o simpático locutor de várias provas de automobilismo brasileiro - chamaria de “entidade mater do automobilismo mundial”. Aos borracheiros de La Bicocca interessa estar bem com quem manda na F-1, mas como várias categorias mundiais menos conhecidas usam seus produtos, não é astuto ir contra o status quo. Nunca é demais lembrar que os italianos são de longa data associados a Ecclestone, que em seus tempos de dono da Brabham abriu mão da competitividade da equipe para permitir o desenvolvimento desses borrachudos e... e vários outros produtos italianos.

Os “se” e “mas” são inúmeros nesta batalha até agora travada nos bastidores, mas o desabafo de Hembery tem muito a ver com a demora em definir um contrato que afeta a principal categoria do automobilismo mundial.

“É uma situação das mais bizarras. Temos um acordo com a maioria das pessoas envolvidas, já acertamos com equipes e promotores e estamos trabalhando para 2014... mas o processo (de renovação) ainda não está claramente definido.”

Enquanto isso na sala ao lado...


Valencia não terá mais F-1 (Pirelli/Andrew Ferraro)

A cidade de Valencia, que nos últimos anos recebeu a F-1 em um circuito de rua de fazer tremer muita gente no Principado de Mônaco, está fora do calendário de 2014 da F-1. A recessão européia, que chegou ao país ibérico com a intensidade da febre espanhola, é a principal causa disso. Não bastasse perder o GP para a Catalunha – a corrida espanhola vai acontecer novamente em Barcelona –, a prefeitura local agora deve arcar com a multa de € 33 milhões por romper o contrato, valor que os políticos locais tentam negociar com Bernie Ecclestone. Por esse acordo, Valencia e Barcelona promoveriam o GP da Espanha em anos alternados.

Não desliga nunca


De Ferran, embaixador da Formula E na América do Norte (foto Indycar.com)

Afastado das pistas enquanto piloto, Gil de Ferran jamais largou o osso: desde que pendurou o capacete após a vitória na 500 Milhas de Indianápolis de 2003, Ferran ocupou cargos e cargos em várias categorias do automobilismo, lista que agora ganha ares de aristocracia. O brasileiro acaba de ser nomeado Embaixador da Fórmula E, a categoria de monopostos movidos a motores elétricos que estréia em 2014; sua atuação será centrada na América do Norte.

Carrera Panamericana já tem 80 inscritos


Studebaker de Pérez e Rodriguez, vencedor em 2012 (foto LaCarreraPanamericana.Com)

Faltando cerca de mês e meio para o encerramento das inscrições, a edição 2013 da Carrera Panamericana já conta com a presença garantida de 80 duplas de 13 países da Austrália, América do Norte e Europa. A competição é aberta para automóveis classificados nas categorias Turismo (Mayor e Menor), Sport (Mayor e Menor), Histórica (A, A Plus, B e C), Originais e Exibição. As categorias Turismo Mayor e Histórica C são as que reúnem o maior número de concorrentes, 13 e 24, respectivamente e cujos concorrentes conquistaram nove dos primeiros lugares da prova de 2012, vencida por Gabriel Pérez e Ignácio Rodriguez, com um Studebaker super-preparado.

O Mercedes-Benz 300 SL de Hartogs e Bilton (foto LacarreraPanamericana.com)

A competição é uma versão moderna e competitiva das provas de estrada dos anos 1950 e que perdurou até 1973, quando foi disputada a última edição da Targa Florio, na Sicília. A Carrera Panamericana sobrevive misturando deslocamentos e trechos contra o relógio, como nos ralis atuais, porém conservando uma aura de paixão e amadorismo que raros eventos conseguem manter.



Este Ford 1951 está pronto para a prova e não tem piloto (foto LacarreraPanamericana,Com) 

A “Pana”, como a corrida é tratada por seus admiradores, movimenta um mercado próprio e que explora a proximidade com os Estados Unidos. Como os carros históricos, aqueles que participaram das provas de 1950 a 1954, são cada vez mais raros, os organizadores incentivam o uso de velhos sedãs e cupês americanos com preparação digna das grandes carreteras sul-americanas. É o caso deste Ford 1951, equipado com mecânica que emprega vários itens desenvolvidos por preparadores da Nascar. Como seu piloto e proprietário Alexandro Santamaria faleceu, sua família decidiu vender o carro como forma de homenagear sua memória.

WG

A coluna "Conversa de pista" é de total responsabilidade do seu autor e não reflete necessariamente a opinião do AUTOentusiastas.

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