Wednesday 17 April 2013

JAC J3 S 1.5 JET FLEX: BOM, MAS PODERIA SER MELHOR

Fotos: autor

No último Salão do Automóvel dois carros me chamaram a atenção no estande da JAC. Um, pequeno, estiloso, o J2. Fiquei satisfeito que seu motor fosse o do J3, um 1.332-cm³ de 108 cv. Outro, o já conhecido J3, com a letra "S" acrescida no emblema, significando que saía o motor 1,33-litro e entrava um 1,5-L cheio, 1.499 cm³ e 127 cv, 2 cv mais que o J5 por conta de ser flex. Fiquei curioso de saber como andaria, o que aconteceu agora

Esse J3, de nome completo JAC J3 S 1.5 Jet Flex, tem a receita para ser um hot hatch de preço acessível, pois custa R$ 37.450 e poderia alegrar a muitos autoentusiastas, embora tenha quatro portas. O motor gera a potência máxima a 6.000 rpm e empurra bem os somente 1.070 kg de peso em ordem de marcha. Isso dá uma relação peso-potência de 8,4 kg/cv e o resultado disso é uma boa aceleração de 9,7 segundos de 0 a 100 km/h, segundo a JAC.

O motor é valoroso. Bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando de válvulas acionado por corrente, variador de fase no comando de admissão, quatro 4 válvulas por cilindro. Só lhe falta injeção direta, que é no duto, para ser um motor como tantos na Europa hoje. Seu torque é de 15,7 m·kgf a 4.000 rpm, 10,5 m·kgf por litro, e. sua potência específica é das mais altas no cenário brasileiro de motores de aspiração natural: 84,7 cv/litro, e com grande elasticidade. Como se vê, motor não lhe falta. 

Seus freios são a disco ventilado na dianteira e a tambor na traseira, com ABS de 8ª geração e a inseparável distribuição eletrônica das forças de frenagem. A suspensão dianteira é McPherson, sem subchassi, e a traseira é independente McPheson também, com dois braços transversais e um longitudinal, incomum num carro dessa faixa de preço. Os pneus 185/60R15 do J3 foram mantidos no "S".

Com motor maior num carro mais leve, o diferencial foi alongado de 4,294:1 no transeixo do J3 e do J5 para 4,056:1, 5,5% mais longo. A v/1000 em 5ª é de 32,5 km/h para 120 km/h a 3.700 rpm e 6.000 rpm à velocidade anunciada de 196 km/h.
 
De chinês o estilo não tem nada, pois o desenho coube a Pininfarina
Andando com o J3 S percebe-se logo o efeito da relacão peso-potência baixa, a disposição para andar é notada de imediato, nos primeiros quilômetros. Posição de dirigir correta, boa direção, rápida e com assistência hidráulica bem dosada (o volante poderia ser um pouco menor, mede 380 mm de diâmetro), câmbio preciso e leve (comando a cabo), pedais bem posicionados para o punta-tacco.

Mas percebe-se logo também que a altura de rodagem é muito alta, igual à do J3, que o Bob já havia comentado à época do lançamento, embora a JAC afirme que não especificou altura diferente da usada na China. Ela alega que lá há "maus caminhos" também, embora eu aposte que lá não existe a praga nacional chamada lombada, responsável pelo carros nacionais de altura elevada.

Olhando o J3 S por baixo, nota-se o braço de suspensão em ângulo com a horizontal, denotando que a altura de rodagem está maior do muito provavelmente foi projetada, o que estraga o comportamento em curva de qualquer carro. Aliás, o vão entre as rodas e os arcos do pára-lamas, como pode ser visto na foto de abertura deste post, indica claramente que o carro está mais alto do que deveria para um carro "S", estando mais para um carro "X", para rodar fora da estrada.

Notar a inclinação excessiva do braço de suspensão e da semi-árvore
Além do efeito maléficos da altura de rodagem excessiva, há outro, colateral: o carro roda normalmente com a suspensão toda distendida. Por isso, à menor curva feita em velocidade um pouco acima do normal, a rolagem natural da carroceria leva a roda interna à curva a querer deixar o chão e, no caso da roda motriz dianteira, levá-la a patinar com imediata perda de tração. Ou seja, querer andar mais rápido fica desagradável, embora sem ameaça à segurança

Boa suspensão traseira, porém erguida demais, como a dianteira
Outro ponto que merece atenção da JAC são os amortcedores, que demonstram estar com pouca carga de distensão. A suspensão está com pouco controle de amortecimento, o que não é uma sensação agradável e requer certa atenção nas curvas de piso irregular feitas em maior velocidade, por exemplo, em 4ª marcha.

Interior é agradável, mas o volante de direção poderia ser um pouco menor
Senti um pouco de falta de apoio lombar após dirigir algumas horas, mesmo que os bancos sejam de qualidade, provindos de um fornecedor mundial de bancos, a Johnson Controls. Mais uma para a JAC anotar.

Bom motor: 84,7 cv/L é ótima potência específica

Quanto ao consumo, não tive oportunidade de medi-lo tanque a tanque e o carro não tem computador de bordo. Mas pelas características do motor e peso do veículo provavelmente está na média do segmento. Sua taxa de compressão (10,5:1) é baixa para o uso do álcool e boa para o uso da gasolina, daí se supõe que sua adaptação para o uso também do álcool tenha sido feita mais na área de calibração e pouco na parte física, tanto que a potência pouco varia quando com um ou outro combustível, sinal que aproveita mal o álcool. Isso nos faz supor que ele tenha consumo baixo quando com gasolina, mas relativamente alto quando com álcool.

Mas a boa notícia é que se trata de mais um carro flex sem sistema auxiliar de partida a frio por injeção de gasolina, ao lado do Polo 1,6 BlueMotion, dos Peugeot 1,6 308 e 208, Citroën C3 1,6 e Honda Civic. No JAC o sistema é Delphi.

A iluminação dos instrumentos é vermelha, e não azul, como no J3, e ele não tem controle de intensidade da luz, que é forte, e isso incomoda bastante em viagens noturnas. Os faróis iluminam bem.

Grafismo: os traços poderiam ser mais finos para leitura mais fácil
Na cidade, como carro urbano, vai muito bem, pois roda macio, silencioso, é espaçoso (porta-malas de 350 litros), tem bom ar-condicionado e seu motor é potente e elástico, requer poucas trocas de marcha. Mas para a estrada poderia ser melhor com uma suspensão mais acertada
     
Com pequenos ajustes o o J3 S poderá ser um hot hatch divertido para a moçada, e, pelo preço, até que acessível quando comparado às opções do mercado. Não tenho dúvida.
 
Segue vídeo onde primeiramente o Bob dirige na cidade e depois eu o dirijo na estrada.

AK



(Atualizado em 17/04/13 às 22h20, correção de informação, o veículo não tem subchassi dianteiro)

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