Friday 30 August 2013

MEU PORSCHINHO 914, TERCEIRO CAPÍTULO



O Zé Dias tinha comprado um Triumph TR6, ano 1972, que, lembro bem, lhe tinha saído mais barato que o 914 me custara. Naquele tempo, ao redor de 1981, o pessoal fugia dos inglesinhos, já que sua fama era de encrenca e, pior, difíceis de se resolver. Há que ficar claro aos mais novos que a dificuldade em comprar peças era de toda ordem. Não era só custo financeiro. O custo maior era o sacal. Não havia essa abençoada internet, então, como é que você descobria quem raios por esses continentes afora tinha a tal peça? Qual o preço? Mandar dinheiro pra fora, importar, era uma burocracia de matar, e por aí ia a chateação sem fim. Não havia por onde começar a busca. Seria preciso o célebre Inspetor Maigret para achar o fio da meada da investigação. Hoje vem peça de Triumph da Austrália. Isso era inimaginável, inimaginável. Muito da valorização dos carros antigos se deve à abençoada internet.

Triumph TR6

Imagine a demora e a insegurança nesse rolo todo? Então você acabava caindo nas mãos de um iluminado, um ente superior, na maioria uns mal-humorados dos infernos, pior que funcionário público com azia, que se aproveitava da sua situação, que ele bem sabia quão dependente era. E assim você lá chegava, piando fino feito um pintinho de granja, pedindo encarecidamente que ele arranjasse um tempinho para lhe importar aquela maldita peça que lhe faltava para seu amado esportivo andar. “Meu grande Buda, lamento pelo seu desconforto estomacal e muito me alegra presenciá-lo expelir sua flatulência com tanto vigor, mas seria possível me trazer esta rebimboca inglesa?”

Em resposta ele te esfolava no espeto, demorava um século, mas acabava trazendo a diaba da peça.



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